sábado, 19 de novembro de 2011

O Ensino das Artes no currículo escolar

O ensino das Artes constitui uma área do conhecimento tão importante quanto as demais disciplinas obrigatórias no currículo escolar. E como tal, possui origem, história, fundamentos e metodologia específica. Assim como as outras áreas do conhecimento, há várias abordagens que se comunicam com outros ramos do saber, ou seja, o ensino da Arte faz parte da construção do acervo histórico da humanidade.
Conhecer e identificar a história das Artes, seus postulados, seus pensadores, suas teorias, concepções, abordagens e propostas fazem-se imprescindíveis ao professor, especialmente àquele que irá proporcionar o encontro do aluno com o mundo das Artes.
O ensino das Artes foi durante muito tempo privilégio de poucos e teve sua introdução no Brasil de forma mais didática no século XIX, quando D.João VI trouxe a Missão Francesa para o Brasil. Perpassou por várias fases, das quais ora enfatizavam a reprodução fiel de obras de Arte, ora ditavam que a livre expressão artística deveria fundamentar o ensino das Artes na escola. Com a Semana de Arte Moderna no Brasil em 1922, houve uma reconfiguração das linguagens artísticas, o que resultou numa ruptura a cerca do entendimento sobre o ensino das Artes, essencialmente moldada pela cópia fiel dos estilos clássicos europeus na época, até então.
Entretanto, a Arte continuava sendo considerada como uma atividade sem muita expressão. Em 1971, com a LDB nº 5.692/71, o ensino da Arte foi incluído oficialmente no currículo escolar como atividade recreativa, em que o professor tendia a ser polivalente, com uma formação superior aligeirada para atender às demandas instituídas pela nova Lei.
Somente em 1996, com a promulgação da LDB nº 9.394 /96, a Arte passa a constituir o currículo escolar como disciplina obrigatória, abrindo espaço para as linguagens artísticas da música, da dança, do teatro e das artes visuais.
O ensino da música na escola, atualmente obrigatório com a Lei nº 11.769/ 2011, deve estar voltado para que o aluno desenvolva a percepção do ritmo, harmonia e melodia, colaborando para promover a concentração, a coordenação motora, à sensibilidade, a criatividade e a criticidade, objetivando formar bons ouvintes. A música poderá ser trabalhada interdisciplinarmente de diversas formas.
A dança proporcionará o desenvolvimento das potencialidades motoras e expressivas do aluno, através da criação, da interação e da comunicação que se estabelece a partir da plasticidade corporal. Do mesmo modo, o teatro está voltado para a prática de jogos, simbólicos ou teatrais, que contribuirão para melhorar o convívio social, a concentração, a memorização, a cooperação, o trabalho coletivo, além de permitir uma análise mais consistente daquilo que se assiste nos teatros, na televisão ou nos cinemas.
Em relação ao ensino das artes visuais na escola, é importante que o aluno tenha contato com o máximo possível de suas variantes, possibilitando a este perceber e distinguir as idéias e qualidades, sensações e sentimentos transmitidos através das obras artísticas. Também favorecerá o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da prática reflexiva frente aos desafios da realidade em que o aluno esteja inserido.
Para tanto, o ensino da Arte propõe mais do que a simples transmissão de conteúdos de forma descontextualizada, distanciando o aluno do direito assegurado de ter uma educação emancipatória. A Arte contribui para a formação cultural do indivíduo e pressupõe a articulação com as demais áreas do conhecimento, uma vez que envolve o pensar e o fazer.
O ensino da arte na escola precisa propiciar o conhecimento da Arte produzida pela humanidade ao longo da sua história, além de criar possibilidades para os alunos produzirem suas próprias criações artísticas, efetivando assim a formação artística, estética e cultural dos alunos.
Nesse tocante, ressalta-se que a apropriação do conhecimento perpassa pela atuação e mediação do professor. É ele o profissional responsável para estimular a aprendizagem do ensino das artes.
A esse respeito, é importante que o professor tenha uma formação inicial consistente e as formações continuadas sejam permanentes e constantes, a fim de que lhe seja dado suporte teórico, emocional, assim como financeiro para que este desempenhe um ensino qualitativo nas salas de aulas.
O descompasso existente nas metodologias docentes entre a teoria e a prática deve ser superado com uma mudança de postura em relação às concepções do trabalho pedagógico no ensino das artes, haja vista que é preciso ir de encontro com as reais necessidades do mundo atual, partindo do princípio básico de que o aluno precisa ler, fazer e contextualizar as obras de arte para a aquisição de conhecimentos.
( Autora: Márcia Fernanda Costa do Nascimento)